O que faz um CPO?
Quando olhamos para o mercado brasileiro, vemos que a função de Chief Product Officer (CPO) está cada vez mais em expansão.
Mesmo que cada organização tenha seus próprios requisitos para a função, há alguns critérios recorrentes que aparecem em vagas e que estão relacionados a essa posição mais estratégica, sendo possível listar as suas principais atribuições.
Neste artigo, iremos explorar as responsabilidades, competências e a importância do CPO no cenário corporativo atual, fornecendo uma visão detalhada sobre o que torna esse papel tão essencial. Vamos lá?
O que é Chief Product Officer (CPO)?
O Chief Product Officer (CPO) é a pessoa responsável por liderar toda a organização de produtos de uma empresa. Conhecido também como VP de Produto ou Chefe de Produto, o CPO é encarregado da direção estratégica do produto, o que geralmente inclui visão do produto, inovação, design, desenvolvimento, gestão de projetos e marketing de produto. Em muitas empresas de tecnologia, essa posição também abrange distribuição, manufatura e aquisição de suprimentos.
Em essência, um CPO lidera uma equipe de gerenciamento de produtos (PM) na construção de soluções que gerem valor sustentável para o negócio. Desde as primeiras etapas de desenvolvimento de um novo conceito de produto até o lançamento e delivery, o CPO equilibra as necessidades e objetivos do produto e do negócio.
Diferenças entre o CPO e outros líderes de Produto
O CPO supervisiona todos os aspectos relacionados aos produtos de uma empresa. As áreas sob sua gestão incluem desde o gerenciamento de produto até pesquisa e design de experiência do usuário (UX) e análise de produto.
Essa função também é responsável por supervisionar líderes-chave no gerenciamento de produtos, como o Product Manager (PM), o Analista de UX, o Analista de Produto e o de Marketing de Produto. Cabe ao CPO garantir que esses papéis estejam sendo desempenhados de forma eficiente e alinhados com a visão e estratégia da organização.
Por que a figura do CPO é tão importante em empresas?
Qualquer organização que prioriza a excelência de produto – um modelo focado no cliente para desenvolver produtos impactantes – deve ter um CPO.
Esse cargo faz parte do quadro executivo da empresa, ao lado de outros cargos de liderança, como CEO, CFO, CMO, COO e CTO e uma das suas principais funções é facilitar o crescimento do negócio e otimizar o retorno sobre o investimento feito no produto, ou seja, seu papel é essencial para criar uma visão e estratégia unificada para o desenvolvimento de produtos que alinhem com os objetivos organizacionais.
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Quais são as responsabilidades de um CPO?
O papel de um Chief Product Officer (CPO) é altamente estratégico, focando no planejamento de longo prazo e na colaboração multifuncional. Suas principais responsabilidades incluem:
1. Construção da visão do Produto
Como líder do departamento de produtos, o CPO desenvolve a visão do produto. Isso envolve pensar a longo prazo e elaborar um plano detalhado para o futuro do produto, conhecido como roadmap, com uma descrição clara de como seguir esse plano.
Este diagrama do renomado coach de produtos, Christian Strunk, ilustra como a visão do produto serve de base para todas as outras atividades do departamento de produtos.
2. Monitoramento da estratégia e execução
Além de mapear o produto e criar a visão, os CPOs devem acompanhar todo o ciclo de vida do produto, desde a ideia até a implementação. Para isso, precisam definir:
- Os KPIs para a equipe de produto
- A estrutura tecnológica para o desenvolvimento do produto (em colaboração com o CTO)
- A estratégia de marketing (em colaboração com o CMO)
Eles também podem decidir sobre alterações no protótipo de um produto e aprovar iterações para produtos existentes.
3. Garantir a coesão da equipe
A construção de um produto envolve muito trabalho entre equipes multifuncionais. O CPO deve cuidar dos interesses dos membros de sua equipe, motivá-los e liderar a colaboração com equipes externas para alcançar um resultado de qualidade.
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4. Defesa o Produto
Como responsáveis pela visão do produto, os CPOs também precisam ser os maiores defensores dos produtos dentro da organização.
Isso inclui liderar a pesquisa de mercado, trabalhar com o CMO para comunicar a Proposta Única de Venda (USP) do produto aos consumidores para melhor conversão e aprimorar os produtos existentes para obter melhores resultados.
5. Desenvolvimento de time
Além de suas responsabilidades regulares, o CPO também investe no desenvolvimento profissional de sua equipe, oferecendo orientação e participando do processo de recrutamento para a equipe de produto, pelo menos na fase final.
Quais são as habilidades exigidas de um CPO?
1. Liderança
O papel de CPO exige a capacidade de supervisionar, gerenciar problemas e ser sociável.
Um bom CPO deve ter um espírito de "posso fazer", estar disposto a assumir responsabilidades pelos erros da equipe e possuir inteligência emocional. Essas habilidades são fundamentais para liderar o departamento de produtos da melhor maneira.
2. Visão estratégica de negócio
Um CPO deve ser capaz de avaliar como uma atividade ou tática de curto prazo se alinha com os objetivos de longo prazo. Eles devem ponderar se as vitórias atuais indicam que o produto será viável a longo prazo.
Além disso, os CPOs devem ser capazes de vincular cada estratégia e iteração de produto aos objetivos de negócios. A capacidade de fazer isso depende do grau de maturidade perante os rumos do negócio e compreensão aguçada de mercado.
3. Comunicação e colaboração
Os CPOs devem ser excelentes comunicadores. Eles precisam:
- Comunicar a visão do produto para as partes interessadas.
- Fornecer feedback à equipe de produto.
- Relatar estratégias e planos ao CEO.
- Orientar outros líderes de produtos.
Eles também precisam ser colaborativos, pois muitas partes de sua função envolvem interação com o CMO e o CTO, o que é crucial para alinhar o departamento de produtos e facilitar as tarefas das equipes multifuncionais.
4. Foco no cliente
Os CPOs devem ser grandes defensores dos produtos, focando sempre nas necessidades e satisfação dos clientes. Eles devem estar atentos às demandas e feedback dos clientes para criar produtos que realmente atendam suas expectativas.
5. Solução de Problemas
Os CPOs enfrentam uma variedade de problemas diariamente, desde questões dentro da equipe executiva, políticas da empresa, até problemas comuns na fase de desenvolvimento do produto. Seja qual for o desafio, um CPO deve ser capaz de resolver problemas com clareza e eficácia.
6. Orientação por dados (Data-driven):
Decisões baseadas em dados são fundamentais para um CPO. Analisar resultados e identificar tendências de mercado ajudam a tomar decisões estratégicas informadas, alinhando os objetivos do produto com as metas da empresa. Na Mentoria CPO do IFTL, há uma aula focada sobre como definir e monitorar KPIs e métricas essenciais para o sucesso do produto.
7. Domínio de testes A/B:
Realizar testes A/B é uma parte crucial para o desenvolvimento de produtos. Um CPO deve entender profundamente essa metodologia para saber quando aplicá-la ou dispensá-la.
Confira no vídeo abaixo, as melhores práticas para conduzir testes A/B em produtos, segundo Teresa Torres, uma especialista renomada em discoveries:
8. Domínio de frameworks de produto:
Ter conhecimento em frameworks é essencial para supervisão e desenvolvimento de produtos. Entre eles, temos:
- Mapa da jornada do usuário: é o que permite identificar todos os pontos de contato dos usuários com a sua solução e identificar falhas e pontos de melhoria.
- Mapa de empatia: é o que permite reconhecer as dores, os desejos e as necessidades dos usuários, fazendo com que o time se coloque no lugar dos clientes para encontrar as melhores soluções.
- Roadmap de produto: funciona como um guia a respeito do desenvolvimento do produto, desde a ideia, passando pela execução, até o lançamento do produto no mercado.
- Análise SWOT: permite identificar os pontos fortes e fracos da empresa, bem como ameaças externas e oportunidades no mercado.
9. Autoconhecimento:
Assim como os CPOs devem conhecer as habilidades e fraquezas de cada membro da equipe, eles também precisam estar cientes de seus próprios pontos fortes e fracos. Nesse contexto, os testes de personalidade, como o MBTI, são bastante úteis, pois ajudam a entender tendências comportamentais, a aprimorar qualidades e a melhorar fraquezas.
Esse tipo de análise também auxilia na identificação do estilo de liderança, facilitando a busca por um ambiente de trabalho que se alinhe com seu perfil. O autoconhecimento é um dos pilares da inteligência emocional, outra competência crucial que os líderes de Produto devem desenvolver para tomar decisões mais acertadas.
10. Gestão de relacionamentos:
Uma das características mais importantes de gestores de produto é a habilidade de gerenciar relacionamentos. Formar conexões autênticas e confiáveis tanto com stakeholders internos quanto externos inspira as pessoas e ajuda a alcançar seu pleno potencial. Isso é vital para negociações bem-sucedidas, resolução de conflitos e trabalho em equipe.
Relacionamentos autênticos dentro da organização podem levar a mais suporte quando há necessidade de financiamento adicional para um produto ou quando é preciso convencer um engenheiro a incluir uma correção rápida de um bug no próximo sprint. Fora da organização, essas habilidades podem encorajar clientes existentes a testar uma nova funcionalidade em fase beta ou convencer um cliente em potencial a experimentar o MVP de um produto ainda em desenvolvimento.
11. Autogerenciamento:
Ser um gestor de produto pode ser incrivelmente estressante. O CEO quer uma coisa, a equipe de engenharia outra, e os clientes têm suas próprias opiniões sobre prioridades de funcionalidades. Gerenciar prazos apertados, metas de receita, demandas de mercado, conflitos de priorização e restrições de recursos ao mesmo tempo não é para os fracos.
Se um líder de produto não consegue manter suas emoções e manter a calma sob pressão, ele pode rapidamente perder a confiança de todos os seus liderados. Os melhores gestores sabem como pressionar nas prioridades certas, com urgência mas sem transmitir um senso de pânico ou estresse.
12. Consciência social:
As competências associadas à consciência social incluem empatia, consciência organizacional e serviço. CPOs devem entender as emoções e preocupações dos clientes sobre seu produto tanto quanto compreendem as preocupações da equipe de vendas sobre como vender o produto, ou da equipe de suporte sobre como apoiá-lo, ou da equipe de engenharia sobre como construí-lo.
CPOs precisam ter uma compreensão profunda de como a organização opera e devem construir capital social para influenciar o sucesso do produto, desde obter orçamento e pessoal até garantir um engenheiro de ponta para trabalhar no produto. Ou seja, a consciência social garante que gestores de produto atendam seus clientes com um produto que aborda suas necessidades, que é o que impulsiona o ajuste do produto ao mercado.
Como se tornar um CPO?
Se você quer construir uma carreira em Produto, talvez esteja se perguntando como chegar ao cargo de Chief Product Officer, um dos mais altos na área. A seguir, algumas dicas que vão contribuir bastante para a sua jornada:
- Faça cursos e participe de comunidades: Para se tornar um Chief Product Officer, é essencial ter uma base sólida em Produto. Ter conhecimento em negócios é um grande diferencial, assim como uma compreensão básica de Engenharia de Software. Embora não haja uma formação específica para a área, muitos CPOs possuem formação em Tecnologia, Economia, Administração, Marketing, Engenharia, entre outros.
Fazer cursos específicos e mentorias sobre gestão de produto pode ampliar seu conhecimento e fortalecer sua preparação. Manter-se atualizado sobre as novidades do setor e as práticas de outras empresas é igualmente importante e a melhor forma de fazer isso é participando de comunidades, como as do IFTL. - Procure aprender na prática: Mesmo que você tenha formação na área de Tecnologia e cursos de Produto, a prática é o que realmente conta na construção da sua carreira. Para se tornar CPO, é necessário acumular anos de experiência trabalhando com produtos digitais e liderando equipes.
Se você está começando, procure oportunidades como Associate Product Manager (APM) para desenvolver suas habilidades. Se já trabalha com gestão de produtos, avalie as oportunidades de crescimento dentro da sua empresa e entenda o que pode aprimorar no seu trabalho. Buscar feedback sincero dos líderes pode ser crucial para seu desenvolvimento. - Defina um plano para desenvolver a sua carreira: Além da experiência prática, é fundamental ter um plano para o seu futuro profissional. Qual é o próximo passo na sua carreira, considerando o cargo atual? Quais habilidades você precisa desenvolver? Que tipo de conhecimento técnico deve buscar? Você pode progredir dentro da mesma empresa, passando por diferentes funções da hierarquia, ou mudar de organização para avançar na profissão.
Não há uma regra fixa sobre o tempo necessário para se tornar CPO, mas geralmente são necessários entre 10 a 20 anos de experiência. O mais importante é entender seu momento atual e começar a planejar seu crescimento. Uma ferramenta útil para isso é o check-in de carreira, que ajuda a definir objetivos e acompanhar seu progresso.
Qual é o salário de um CPO?
Os salários de CPOs podem variar de empresa para empresa. Segundo o site Glassdoor, os salários internacionais podem variar entre US$ 17.525 e US$ 304.284 ao ano, com uma média salarial anual de US$ 204.264. No mercado brasileiro, a média salarial mensal para o cargo de Diretor de Produto é de R$ 31.450.
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Enfim, você deve ter notado que o papel do CPO não apenas define a visão e a estratégia do produto, mas também garante que todos os aspectos do desenvolvimento do produto estejam alinhados com os objetivos da empresa.
Através de uma combinação de habilidades técnicas, liderança estratégica e uma compreensão profunda do mercado e dos clientes, o CPO pode levar uma organização a novos patamares.
Se você está aspirando a essa posição, invista em seu desenvolvimento contínuo e busque oportunidades para aplicar seus conhecimentos e habilidades na prática. Conte com o IFTL para se tornar um líder de produto ainda mais estratégico.
Co-Founder IFTL
Danrley Morais
Empreendedor de tecnologia, com formação em Sistemas de Informação, iniciou sua carreira aos 13 anos como desenvolvedor e desde então atua nos mais variados projetos com desafios de escalabilidade. Aos 20 anos começou a empreender e se tornou sócio LinkApi, onde atuou como CTO liderando o time de produto e engenharia até a aquisição realizada pela Semantix em uma transação que ultrapassou R$ 100 milhões. Atualmente é sócio e CTO na IFTL, palestrante e tech advisor em 4 startups.