Prós e contras de atuar como CPTO
Na área de desenvolvimento de produtos, algumas empresas podem se beneficiar ao combinar as funções de Chief Product Officer (CPO) e Chief Technology Officer (CTO) em um único cargo: o Chief Product & Technology Officer (CPTO).
Aqui, discutiremos os prós e contras dessa função com base nas experiências dos mentores IFTL, como o Joca Torres que liderou a área de Tecnologia e foi responsável pela gestão de produtos na Locaweb; e do Rafael Santos, que atualmente é Fractional CPTO na Chiefs Group. Vamos lá?
Descrevendo as funções CPO X CTO
Antes de entrarmos nos detalhes, é importante entender as diferenças entre CTO e CPO.
O CTO é responsável pelo desenvolvimento, implementação e manutenção das soluções de software da empresa, enquanto o CPO foca na estratégia do produto, garantindo que ele atenda às necessidades dos clientes e do mercado.
Combinando as funções: o que faz um CPTO?
Unir as funções de CTO e CPO significa colocar uma única pessoa responsável por todas as disciplinas de desenvolvimento e operação de produtos.
Essa pessoa precisa ter uma mentalidade orientada tanto para o produto quanto uma sólida formação técnica. Exemplificando melhor, pense no CPTO como um CMO.
Os CEOs contratam CMOs para não precisarem gerenciar diferentes canais de marketing e operações, como anúncios online, marketing de SEO, e-mails e muito mais. Eles querem alguém que possa ser avaliado por resultados, como a geração de leads qualificados. Da mesma forma, um CPTO é contratado para ser avaliado por métricas, como retenção de clientes, conversões de testes e upsells.
Muitas vezes ouvimos que é difícil encontrar alguém que seja excelente tanto em Produto quanto em Tecnologia, mas isso é um equívoco. O CPTO não precisa ser um especialista em todos os detalhes técnicos e de produto. Assim como um CEO não precisa dominar todos os detalhes de tecnologia, finanças ou marketing. Eles gerenciam especialistas nessas áreas. Ou seja, pensar que não há ninguém com habilidades para ser CPTO é entender errado o papel.
A principal dica aqui é que não é necessário se tornar um especialista em todas as áreas, mas é importante aprender o suficiente para construir estratégias e contratar ou promover ótimos líderes para cada função.
Se esse é o contexto que está vivendo agora, vale conversar com experts do mercado ou procurar opções de mentorias para que avance com confiança. Durante a Mentoria CPO, o Joca Torres sempre apresenta as suas perspectivas sobre quando atuou nessa posição na Locaweb, destacando prós e contras conforme os contextos das empresas por onde passou.
Falando em prós e contras de executar a função como CPTO, trouxemos aqui também um compilado. Vamos a ele:
Prós da função CPTO:
- Responsabilidade centralizada
Ao combinar as duas funções, há uma centralização de responsabilidades, facilitando a comunicação e a tomada de decisões. Isso evita a divisão de responsabilidades, tornando o processo mais ágil e eficiente.
- Comunicação e relatórios simplificados
Com um CPTO, há uma única linha de comunicação para todas as questões, sejam elas técnicas ou relacionadas ao produto. Isso simplifica os relatórios e a comunicação com stakeholders.
- Decisões de estrutura e alocação de recursos
Um CPTO pode tomar decisões de alocação de recursos de maneira mais integrada, evitando conflitos de interesse entre CTO e CPO. Isso é particularmente útil em empresas que trabalham com equipes interdisciplinares.
- Equilíbrio entre Tecnologia e Produto:
Combinando a função, é possível resolver conflitos sobre o tempo dedicado a dívida técnica, refatoração e automação dentro do próprio departamento.
- Cultura de produto unificada
Ter um único líder para todas as áreas de desenvolvimento de produto ajuda a criar e manter uma cultura de produto forte e coesa, essencial para o sucesso em empresas inovadoras como Netflix, Spotify e Google.
- Redução de custos
Para empresas com orçamentos limitados, a função de CPTO pode representar uma economia significativa, já que um salário cobre as responsabilidades que antes seriam de dois cargos distintos.
Agora, é hora de falar dos contras…
Contras da função CPTO
- Falta de gestão especializada
Combinar as funções pode resultar em uma gestão menos especializada em uma das áreas. Por exemplo, um CPTO com uma formação mais forte em produto pode não oferecer a mesma profundidade técnica que um CTO dedicado e vice-versa.
- Ampla gama de responsabilidades
A responsabilidade por áreas muito diversas pode ser um desafio. Gerenciar desde a estratégia do produto até questões técnicas como a conexão Wi-Fi do escritório pode sobrecarregar o CPTO e dificultar a priorização de tarefas importantes.
- Necessidade de habilidades específicas
Um CPTO precisa ter um conjunto de habilidades muito específico, incluindo uma compreensão tanto do desenvolvimento técnico quanto da estratégia de produto. Contudo, como dissemos, nem todos os profissionais possuem profundo conhecimento nas duas áreas e, nesse caso, aprender o suficiente sobre cada uma e, principalmente, sobre o negócio já é um grande passo para organizar a casa.
- Restrições de tempo
A centralização da comunicação e relatórios pode resultar em uma sobrecarga de trabalho para o CPTO, tornando difícil atender a todas as demandas de maneira eficaz. Bom equilibrar o rol de demandas em cada sprint, assegurando que nem a equipe e nem você se sobrecarreguem demais.
- Perda de diversidade de ideias
Quando CTO e CPO trabalham juntos, suas perspectivas diferentes podem impulsionar a inovação. Um CPTO pode perder essa diversidade de pensamentos, o que pode ser um ponto negativo em termos de criatividade e inovação.
- Gestão de Disciplina Fraca:
A junção dos cargos pode resultar em gestão inadequada em áreas onde o CPTO não é tão forte. Isso pode ser mitigado com VPs fortes em áreas específicas.
- Ampla gama de controle:
Ser responsável por questões tão diversas pode dificultar a priorização de tarefas importantes, como a estratégia do produto, sobre urgências operacionais.
Concluindo, decidir se a função de CPTO é adequada para sua empresa depende de diversos fatores, como a estrutura e o estágio de crescimento da organização.
Muitos mentores do IFTL destacam que, em empresas em crescimento, pode ser benéfico experimentar a função combinada. Caso a integração não funcione como esperado, sempre há a possibilidade de dividir as funções novamente. Para organizações maiores e mais estabelecidas, manter as funções de CTO e CPO separadas pode fazer mais sentido.
Avalie sempre diretamente com o alto escalão da sua empresa as necessidades e capacidades antes de tomar essa decisão e assumir esse desafio.
Co-Founder IFTL
Danrley Morais
Empreendedor de tecnologia, com formação em Sistemas de Informação, iniciou sua carreira aos 13 anos como desenvolvedor e desde então atua nos mais variados projetos com desafios de escalabilidade. Aos 20 anos começou a empreender e se tornou sócio LinkApi, onde atuou como CTO liderando o time de produto e engenharia até a aquisição realizada pela Semantix em uma transação que ultrapassou R$ 100 milhões. Atualmente é sócio e CTO na IFTL, palestrante e tech advisor em 4 startups.