Como migrar de receita pontual para receita recorrente?
A receita é o coração de qualquer negócio, e a maneira como ela é gerada pode fazer uma enorme diferença na estabilidade e no crescimento de uma empresa.
Nos dias de hoje, muitas organizações estão migrando de modelos de receita tradicionais para modelos de receita recorrente.
Neste artigo, exploraremos o que são modelos de receita recorrente, suas vantagens e como implementá-los de forma eficaz para garantir o sucesso do seu negócio.
O que é receita recorrente?
A receita recorrente é um modelo de negócios em que os clientes pagam de forma regular e previsível por produtos ou serviços.
Diferente da receita pontual, onde as compras são feitas de maneira regular mas imprevisível, a receita recorrente é baseada em um cronograma automático, como as assinaturas mensais ou anuais.
Este modelo é altamente valorizado porque proporciona uma previsibilidade e estabilidade financeira maior para a empresa.
Por que adotar modelos de receita recorrente?
Os modelos de receita recorrente oferecem várias vantagens em comparação com os modelos tradicionais de receita. Primeiro, eles proporcionam um fluxo de caixa mais previsível. Isso é essencial para o planejamento financeiro e a sustentabilidade do negócio.
Além disso, as receitas recorrentes tendem a aumentar o valor vitalício do cliente, pois garantem que continuem comprando ao longo do tempo, reduzindo a taxa de rotatividade, uma vez que as assinaturas mensais ou anuais incentivam a continuidade do fluxo.
Outro benefício significativo é a atração de investidores. Empresas com receitas recorrentes são vistas como mais estáveis e previsíveis, tornando-se mais atraentes para investimentos e aquisições.
Alguns tipos de modelos de receita recorrente:
- Modelos Freemium: Os clientes obtêm acesso gratuito a uma versão limitada do produto, com a opção de atualizar para uma versão premium com mais funcionalidades. Um exemplo de produto é o Spotify ou o ChatGPT da OpenAI.
- Assinatura de taxa fixa: Os clientes pagam uma taxa fixa mensal ou anual para acesso ilimitado ao produto ou serviço. Este modelo é eficaz, mas deve ser bem calculado para evitar prejuízos. Um exemplo é a Netflix, que possui modelos de assinaturas conforme os benefícios escolhidos pelo cliente.
- Preços baseados no uso: A precificação baseada no uso (usage based pricing) sugere que os clientes paguem com base na quantidade de produto ou serviço que utilizam. Um exemplo é a opção de alugar bicicleta para se locomover na cidade. Você pode devolver em qualquer ponto e paga somente ao final, conforme o uso diário.
Há grandes vantagens nesse modelo, mas cuidado: ele exige sistemas robustos para monitoramento e faturamento em tempo real. - Modelos Pré-pagos e Pós-pagos: Um excelente exemplo de modelos pré e pós-pagos pode ser visto nas empresas de telecomunicações. No modelo pré-pago, o cliente paga antecipadamente ao seu provedor por uma quantidade específica de minutos, mensagens de texto ou dados, geralmente vinculados a recargas ou pacotes adicionais. Já no modelo pós-pago, os clientes pagam pelos minutos, textos ou dados que utilizarem, conforme os termos estabelecidos pelo provedor.
As opções pós-pagas tendem a ser mais populares, pois os clientes geralmente preferem adquirir os produtos no momento do uso, em vez de depender de vouchers ou recargas antecipadas.
- Modelos de pacotes compartilhados: Nos modelos de pacotes compartilhados, o uso é monitorado e cobrado entre duas ou mais partes.
Um exemplo comum são as assinaturas familiares, onde várias contas de usuários são consolidadas em uma única fatura. Este modelo pode ser aprimorado ao oferecer diferentes níveis de serviço para cada indivíduo dentro do plano. Isso garante que nenhum membro da família utilize todo o serviço ou a alocação de dados durante um único período de cobrança. - Ecossistemas de parceiros B2BX: Imagine que uma empresa de telecomunicações venda seus recursos para outra empresa. Essa segunda empresa pode então integrar essas capacidades às suas próprias ofertas antes de vender o produto final aos seus clientes. Esses clientes são o X no B2B2X, podendo ser outras empresas (B2B2B) ou consumidores finais (B2B2C).
Incorporar parceiros em modelos de receita recorrente abre caminho para novas formas de obter faturamento. No entanto, também adiciona uma camada extra de complexidade, exigindo acordos e pagamentos claros. O uso precisa ser monitorado de maneira automática e transparente, garantindo que cada parte receba sua parcela justa dos custos e receitas.
Se você tem dúvidas sobre como escolher o melhor modelo de monetização para os produtos da sua empresa, conheça a Mentoria CPO. Nela, você aprende na aula “Negócio, Monetização e Precificação”:
- Como definir a visão e estratégias de negócio, tratando a estratégia como um produto
- Estratégias de posicionamento, distribuição
- Modelos de monetização e precificação
Passo a passo para implementar um Modelo de receita recorrente
1. Identifique seu público-alvo
O primeiro passo para implementar um modelo de receita recorrente é identificar quais segmentos da sua base de clientes fazem compras recorrentes.
Compreenda suas necessidades e crie uma oferta que as atenda de maneira eficaz.
2. Defina os benefícios da assinatura
Para converter clientes de compras únicas para assinaturas, destaque os benefícios.
Por exemplo, a conveniência de não precisar ir à loja, a segurança de não ficar sem o produto, informações atualizadas sobre o produto e um preço reduzido.
3. Estabeleça um sistema de faturamento eficiente
Um modelo de receita recorrente exige um sistema de faturamento que possa lidar com cobranças automáticas e monitoramento de uso em tempo real.
Certifique-se de que seu sistema possa processar grandes quantidades de dados sem erros para evitar perda de receita.
4. Ofereça flexibilidade
Modelos híbridos que combinam assinaturas com opções de pagamento conforme o uso podem atrair uma base de clientes mais ampla.
A flexibilidade de alterar a métrica de uso ou ajustar o plano conforme necessário também aumenta a satisfação do cliente.
Quais são os desafios mais comuns em modelos de receita recorrente?
1. Gerenciamento de dados
Um dos maiores desafios ao adotar modelos de receita recorrente é o gerenciamento de dados.
É crucial ter uma camada de dados em tempo real que permita capturar e processar informações de uso de maneira eficiente para evitar perda de receita.
2. Alinhamento das partes interessadas
É fundamental que todas as partes interessadas estejam alinhadas com a nova estratégia de receita.
Isso inclui a comunicação clara dos benefícios e a colaboração entre diferentes departamentos para garantir uma implementação suave.
3. Resistência à mudança
Algumas pessoas podem resistir à mudança para um modelo de receita recorrente.
Para superar essa resistência, é importante demonstrar claramente os benefícios, tanto para a empresa quanto para os clientes, e manter um processo de transição transparente.
Adotar um modelo de receita recorrente pode transformar a estabilidade e o crescimento do seu negócio. Conte com a Mentoria CPO para aprender como precificar os seus produtos e escolher o modelo de monetização ideal para o seu negócio, conforme o seu contexto e momento de mercado.
Essa mudança oferece um fluxo de caixa previsível, aumenta o valor vitalício do cliente e torna a empresa mais atraente para investidores. No entanto, a implementação eficaz requer planejamento cuidadoso, sistemas robustos de faturamento e uma compreensão clara das necessidades dos clientes. Com a estratégia certa, você pode converter receitas pontuais em receitas recorrentes, garantindo um futuro mais sólido e próspero para sua empresa.
Co-Founder IFTL
Danrley Morais
Empreendedor de tecnologia, com formação em Sistemas de Informação, iniciou sua carreira aos 13 anos como desenvolvedor e desde então atua nos mais variados projetos com desafios de escalabilidade. Aos 20 anos começou a empreender e se tornou sócio LinkApi, onde atuou como CTO liderando o time de produto e engenharia até a aquisição realizada pela Semantix em uma transação que ultrapassou R$ 100 milhões. Atualmente é sócio e CTO na IFTL, palestrante e tech advisor em 4 startups.